15 de out. de 2007

Eu parte I - Joanete calado...


Sou joanete calado, o sapato apertado, teu dente quebrado pseudo colado
Sou Preta sou Brigite, nem alegre nem triste, sou afro-dite
Sou o cabelo que cai, a espinha que sai, sou aquela que vai
Sou a pergunta impertinente, a garganta doente, pra quem você mente
Sou o lenço do adeus, o retorno dos teus, sou semi deus
Sou o grito entalado, o sufoco guardado, sou um rato
Sou a que ousa querer, a que não teme perder, a que cumpre um dever
Sou o peito que acolhe, a camisa que encolhe, sou corpo mole
Sou a voz da madrugada, a sala enfeitada, sou fada
Sou a tagarela desconhecida, sou a planta caída, destemida
Sou a voz no teu peito, a espera no leito, sou teu feito
Sou a maçã mordida, sou Eva despida, uma partícula da vida
Sou a chuva que engrossa, sou moleca fogosa, gostosa
Sou o avesso do certo, o contrário do correto, desperto
Sou a pressão na panela, sou o olhar na janela, a chama da vela
Sou a estrela do teto, sou oposto do concreto, a que te quer por perto
Sou a que tu alimenta, a que se esquiva e te tenta, sou pimenta
Sou agri sou doce, a que te pediu que não fosse, sou pose
Sou anti horário, a roupa nova no armário, relicário
Sou o tropeço da vida, a criança atrevida, a que tu duvida
Sou o inconsciente danado, a que faz tudo errado, sou um saco
Sou o leite gelado, o ciúme ignorado, soldado
Sou o amor reprimido, sou anjo caído, sou gemido
Sou a pupila dilatada, a que não quer ouvir nada, a ferida inflamada
Sou Narciso no espelho, o moleque pentelho
Sou cisco no olho, pão com molho
Sou menina sozinha, a que não cuida da cozinha, que se faz pequeninha
Sou menina mimada, sou ovelha desgarrada, a mais velha folgada, a que não sabe de nada
Sou novena incompleta, a sensualidade discreta, sou festa
Sou o assobio na multidão, a que te empurra no chão, que não divide o colchão
Sou pirilampo saracura, a que não tem frescura, sou pura
Sou a que tu não conhece, a que faz e acontece, nunca te esquece
Sou a moça pelada, a calça velha e surrada, urbana desbotada
Sou da sacada imigrante, a música constante, auto falante
Sou a solteirona do terceiro o bebê sem cueiro, a que pergunta pro porteiro
Sou a que perde o carro
a que toma bronca e esparro, a que não largou o cigarro
Sou mais forte que Pagu
a que vive repetindo tu, que reconhece o vento pelo urubu
Sou o morro da asa delta, sou alpha sou beta, sou esbelta
Sou a balsa da travessia, o cheiro de maresia, profecia
Sou o dedo no teu nariz, sou imperatriz, Leila Diniz
Sou mulher decidida, sou a raposa que fica, o calo da Frida.
(continuo, outro dia...rs)

Um comentário:

NDORETTO disse...

Vou trabalhar esse texto da Idade na minha oficina. Dá pano pra manga, hein..........!!!