3 de mai. de 2008

Gata de Bueiro

(uma história simplória, como as coisas da vida)

Certo dia o coração acordou bem-humorado, foi passear ali, pertinho de casa.
Opa, tinha um gato andando sorrateiro pelo canto do muro.
O coração ficou curioso com a cor cobre daquele gato, e bem de onde estava, passou a observá-lo
O gato andava, parava, olhava, cheirava. Parecia curioso e desconfiado. Um processo de descoberta comedida. Intrinsecamente ele sabia até onde podia ir.
O coração permanecia observando. Não pensava em nada, apenas olhava.
Até que o gato, um pouco mais familiarizado, menos assustado, mas tão atento quanto, virou-se.

Seus verdes e brilhantes olhos encontraram-se aos olhos serenos e confiantes do coração... O gato fez menção de fugir, mas qual espanto... voltou seu olhar...
E o coração!?!?! HIP-NO-TI-ZA-DO!!!!
Imagine você a cena, um coração sereno, sabedor de sua capacidade, sem ação aos olhos de um gato, e esse, assustado, sem vontade de sair do lugar (...)

(...) O coração corajoso como era deu um passo a frente, o gato assustou-se... deu um passo a trás... O coração resolveu chamá-lo... o Gato fugiu(...)

(...) só parou à entrada de um bueiro, olhou para trás como quem esperasse (...)

(...) Ái, que confusão sem fim... Qualquer outro coração teria ido embora. Porém aquele, aquele coração encantou-se pelos olhos do gato e mesmo se quisesse não conseguiria ignorá-lo.
Sabia que havia algo além da aparência fria e agressiva de um gato que morava em um bueiro...
Sentia... Percebia... (...)

(...) Corações também se enganam, mas ele tinha tanta certeza que deveria desvendar, ir além das convenções... que...
Voltou a seguir o gato!
Chamou por ele...
Chamou... Esperou...
Pa-cien-te-men-te...
Como só um coração encantado sabe fazer...
O gato voltou.... olhou de longe.. aproximou-se... estava diferente... mais confiante (...)

(...) meio mérito disso era do coração, sua perseverança e disciplina trouxeram ao gato um valor conhecido mas esquecido... Confiança! (...)

(...) Confiou... o coração deu um passo, o gato esperou, o coração aproximou-se mais, o gato também... um tempo depois colocou sua cabeça próxima ao coração, experimentou algo não vivido ainda... ouviu o som da vida, o bater de um coração encantado!!!
Ah......... .......... o Gato derreteu-se!!!


Ouviu-se um barulho qualquer, o Gato assustou-se, titubeou, afastou-se...
O Coração sem nenhum movimento brusco, sem questioná-lo, sem nenhuma palavra, buscou a cabeça do Gato e voltou a acariciá-la (...)

(...) Então o Gato permitiu-se... O Coração permitiu-se...
Pela boa vontade de ambos...
A vida fluiu... Aconteceu!(...)

(...) Assim são os Gatos-de-Bueiro arredios, assustados.
Assim são os Corações Encantados, serenos, perseverantes...

E assim aconteceu...

Hoje o Gato está ao lado de seu Coração, cuidando dele, protegendo-o – corações são frágeis.
E o Coração está ao lado de seu Gato, aquecendo-o, fortalecendo-o – gatos-de-bueiro também são frágeis.

Foi preciso que ambos acreditassem... que alguém desse o primeiro, o segundo... quiçá o terceiro passo...
Ah, se esse Gato não tivesse um Coração persistente a segui-lo... Ah, se esse Coração não tivesse um Gato disposto a superar seus medos...
São grandes conquistas, essas!
Todos temos limitações e vantagens, Todos temos um pouco de coraçã Oe Gato-de-Bueiro somos um pouco medo e coragem!


(Luya Machado, ago1998 - mai2008)




Várias partes da crônica foram suprimidas, é looooooonga, blogs necessitam de leitura rápida, interatividade.

Quanto ao comment do post anterior:

Paolo é um psicólogo de franca competência e muito sucesso na europa, meu LINDO AMIGO, meu anjo criador e incentivador, me conhece como ninguém... e isso o faz um semi-deus! Sam, minha companheira de faculdade, linda como ela só...
Eles ensinaram-me a lutar por minha vocação em ser melhor a cada dia, ajudaram-me a superar as dificuldades e apreensões com ZELO e CUIDADO. Mostraram-me, sem uma palavra, como encantar-me pela vida...

Sinto saudades de vocês! do colo que recebia e da certeza que os acolhia em cada dúvida que tinham...
Somos humanos, aprendemos uns com os outros, sorrimos, choramos, sonhamos juntos. SAUDADES!

Com vocês não precisava defender grandes teses, sabíamos do valor intelectual um do outro e concordávamos (lembram-se!?!) quão chato eram as pessoas que necessitavam debater TODOS os assuntos. rsrsrsrsrsrsrs Quantas risadas demos disso, amigos!...

Paolo e Samara nasceram um para o outro e eu tenho a grata satisfação de ter assistido essa descoaberta... nosso professor e minha grande amiga.
Ele, italiano, temperamento forte, impulsivo, 'malcriado'.
Ela, racional, calmaria em pessoa, 'malcriada'. (Acho que essa malcriação foi o que nos aproximou... rsrsrs) E eu 'malcriada' no meio desses dois... NINGUÉM merece!!!!! rs =)

Aprendi muito, hoje sei disso... Não são os opostos que se atraem... mas a capacidade de ceder e compreender às diferenças...

Vou colocar aqui, a música que dançamos na última vez que vocês vieram ao Brasil (caracoles, 10 anos a trás) e que paramos a festa - outro dia falo sobre isso. Leoninamente A-MEI!!!

Não vou assinar como Luya Machado, Não é a Byinha, ou o Gato... Sou eu quem posta, Mírian Machado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mírian,

belíssimo texto!

E Martinho da Vila tem várias músicas deliciosas...


Abraços, flores, estrelas!